domingo, fevereiro 04, 2007

Comédia à Forceps!



"O Teatro de Quinta é um show de humor com uma proposta de interpretação ao estilo “Stand – up comedy”, que basicamente consiste em um humorista em frente ao público, relatando situações cotidianas com a intenção de fazer rir."

Pois, o Teatro de Quinta, produção da Ponte Cultural Escritório de Produção está em cartaz no Teatro da UBRO, em Florianópolis. Agora com uma temporada extendida até o dia 11 de fevereiro, sempre aos domingos, 21h.

Seguindo a definição dada pelo site, já sabemos que não podemos enquadrá-los apenas como um espetáculo teatral. O site brinca com a idéia de um estilo de vida de quinta, sem levar-se a sério demasiadamente, buscando apenas a felicidade. Ora, a expressão "de quinta" costuma designar "coisa mal acabada, kitsch, de gosto duvidoso" e o espetáculo parece se utilizar desta idéia para ir dando um conceito geral pro show. Desta forma, o que assistimos, é um desfile de personagens que ficam caminhando nesta linha tênue, entre o engraçado e o excessivamente de mal gosto.

Os atores (Graziela Meyer, Malcon Bauer, Milena Moraes e Higor Lima... o site cita também André Silveira, mas ele não estava na apresentação que assisti) esforçam-se para interagir com o público e, em alguns momentos, conseguem. Só Deus sabe, a que preço.

Higor Lima é o que parece se sair melhor, ou pelo menos mais ileso, da apresentação. Se na primeira personagem (Uma síntese de todas as vilãs de nvelas, desculpem por não lembrar todos os nomes!) ele parece ainda não ter obtido um bom ritmo de comédia, o mesmo não se dizer do Pipoca! Com um texto mais criativo e que, alguns momentos, mais insinua que escracha, o machista de plantão consegue um bom resultado. Malcon Bauer também se sai bem, criando os personagens mais inusitados. A índia Moema é impagável. A candidata à garota do Fantástico também não apela, embora não seja tão engraçada. Milena Moraes se joga para o lado mais excessivo do espetáculo. A transexual que dá dicas de sexualidade abusa do mal gosto e do humor tipicamente gay, deixando parte da platéia (não-iniciada) a ver navios e só reagindo aos palavrões e expressões relacionadas ao sexo. Sua dona-de-casa que vai à praia com as crianças acerta no tema e nas situações, perdendo-se um pouco no timming! Graziela Mayer segue sua amiga na trilha do mal gosto com a personagem Suzy, abusando dos palavrões quando nada parece levantar o público e seu personagem infantil resulta insuportávelmente caricato, beirando a incompreensão completa pela falta de qualidade do texto e também pela emissão do mesmo, bastante deficiente.

No geral o que se vê é um grupo de atores que parece ter possibilidades de realizar um trabalho mais elaborado. Os quadros carecem de melhores desfechos ou situações menos estáticas, para poderem começar a criar um ritmo mais atrativo para o público. Talvez uma direção mais segura poderia ajudá-los a obter mais do material que têm em mãos e não deixá-los tão propensos a retirar risadas à forceps do público.


A inteligência da platéia, com certeza, agradeceria!