segunda-feira, dezembro 11, 2006

Atores!!!!!!!!!!!!!


Não é bom quando você vai a um espetáculo e, realmente, gosta do que viu? Quando, por mais que apareçam motivos para serem escritas ressalvas, ou pequenas observações, isso acaba não tendo a menor importância. E quando, ao invés de acontecer isso uma vez, você tem logo dois espetáculos assim na mesma semana?

Pois foi o que aconteceu comigo, semana passada, indo ao SESC Prainha assistir A Descoberta das Américas e O Porco. Por mais que possa haver questionamentos sobre algumas das opções da direção (e eles existem, não sejamos ingênuos!), o que se sobressai é o trabalho preciosíssimo dos atores.


Em A Descoberta das Américas, Julio Adrião tem uma pequena maratona teatral para colocar em cena o texto de Dario Fo (Johan Padan alla Descoverta delle Americhe, de 1992) sob a direção de Alessandra Vanucci. Usando recursos da mímica e da antropologia teatral, o ator se desdobra em inúmeros personagens (alguns deles memoráveis) para dar uma nova versão sobre o processo de colonização das Américas. O espetáculo vai ganhando aos poucos uma força cômica que leva o público praticamente ao êxtase, mesmo os que não estão acostumados aos códigos teatrais, como aconteceu na sessão que pude presenciar. Estreado em 2004, o espetáculo está em plena forma e consegue manter a platéia atenta às 1h45min de sua duração (parece até uma brincadeira – vide o post anterior), nos levando a crer que não é o tempo e sim a qualidade do que está sendo mostrado o ponto definitivo do teatro.

Em O Porco pode-se dizer que temos a perfeita antítese deste espetáculo. Desde a duração, até a atuação, “síntese” parece ter sido a palavra condutora do processo de construção deste trabalho. Henrique Schafer nos conduz nos 45min de duração, de maneira quase minimalista, pelas memórias deste porco no dia de seu abate. Ele é o porco! E para isso não se utiliza de nenhuma saída patética de interpretação. É, e pronto. Aceito o jogo, vamos sendo conduzidos pelos questionamentos, reflexões, reações passivas e gritos de revolta deste ser. Ator e diretor (Antonio Januzelli) vão nos deixando brechas, momentos, pausas, respirações para que possamos ir nos identificando com o espetáculo.


Vendo espetáculos assim é que vários dos meus preconceitos vêm abaixo! Duas formas tão distintas de interpretação. Duas formas tão distintas de construção da cena teatral. Duas formas tão distintas de se chegar até o expectador. Poderia até dizer que me identifico mais com este ou aquele espetáculo... mas que importância teria isso? Muito mais importância dizer que, quando há qualidade, e nesses casos isso é inegável, o ato teatral ganha um aspecto inconfundível.

Novamente tenho que agradecer ao SESC pelas oportunidades que nos têm dado de assistir espetáculos que raramente chegariam à Santa Catarina numa produção “normal”. Que venham mais!!!! A cidade, carente, agradece!

domingo, dezembro 03, 2006

1h45min enclausurada no Tédio!


Como é difícil escrever comentários (pode-se chamar de críticas, se quiser!) sobre espetáculos teatrais. Você empenha-se em não ser tendenciosa, em apontar o que, na sua opinião, são os problemas do espetáculo, em exigir um nível interessante para o que se está sendo produzido na cidade, em ser justa (se é que isso é possível!). Ao mesmo tempo, preocupa-se em não ser paternalista, em não ficar com aquele tipo de pensamento de que "tudo vale a pena", de que há que se "valorizar" o esforço dos grupo, pois afinal é muito difícil fazer arte neste país.

Assim, nesse vai e vem, corre-se o risco de ser muito dura com algumas produções e ser muito condescendente com outras. Mas, correr riscos é o mínimo que se espera de alguém que se atreve a tornar publico algo! Pois bem... nessa trajetória, quando me ponho a escrever sobre um espetáculo como Clausuras, fico meio perdida em relação à direção a seguir. Devo realmente falar tudo o que acho sobre o espetáculo? Ou devo ser condescendente, levando em conta o esforço que é construir algo nesta cidade.

Com qualquer uma das opções estarei sendo injusta! Sim, porque, se for dura (como tenho vontade) posso estar não dando valor ao trabalho de um grupo que, afinal, trabalhou meses para construir uma obra. Mas, eu não fui condescendente com alguns espetáculos que já comentei neste espaço e, sendo assim, algumas pessoas podem achar que este espetáculo está no mesmo nível de outros, tais como F, A Casa Tomada e Buterfly, que conseguem uma elaboração muito mais apurada sobre seus trabalhos. O que não é o caso.
Bom, vamos partir do princípio de que tenho respeito pelos artistas de teatro de Florianópolis (muitíssimo respeito!) e de que todas as observações constantes nesse Blog nascem desse respeito e da vontade de discutir o trabalho teatral, contribuindo, acredito eu, para o que está sendo produzido aqui.

Sendo assim, não posso me privar de fazer algumas observações sobre Projeto A: Clausuras que o Teatro Artesãos de Dioníso - Coletivo de Pesquisa e Atuação Cênica está apresentando na sede do Instituto Arco-Íris, aos sábados e domingos, até o dia 17 deste mês.

O espetáculo começa com a recepção do público, sendo convidado a participar como visitante deste local, que aos poucos nos vai sendo apresentado como uma instituição psiquiátrica. De uma maneira fragmentada nos vai sendo apresentado diversos aspectos sobre a loucura, até que se começa a falar sobre a vida de Camille Claudel, passando por um discurso de Nijinsk. Bom, só pela sinopse, já dá pra notar que não é um trabalho fácil o que é proposto pelo grupo.

Mas, aí é que começa o problema! O material é extremamente fragmentado, logo necessita-se de uma, no mínimo, direção ou orientação para que o espectador vá organizando alguns elementos dentro da sua cabeça. Mas, os fragmentos não se encaixam. As imagens são difusas. E clichês, existem muitos clichês, um amontoado de clichês sobre a loucura, a arte e o ânus. E logo a gente começa a se perguntar: O que eu estou fazendo aqui? Porque esse cara está lavando meus pés? porque eu já ví várias dessas idéias em espetáculos de grupos experimentais? Porque? Porque? Porque?

A produção é, no todo, mal acabada. Os figurinos não são pensados, são apenas roupas, tomada de aqui e ali e colocadas em cena. O cenário não é funcional, inclusive num determinado momento do espetáculo foi utilizado de maneira bruta com o público. A iluminação é uma idéia funcional, que em alguns momentos resulta eficiente criando belos climas, inclusive demonstrando que a criatividade ainda é a melhor forma de combater a falta de orçamento, mas deixar o elenco no escuro numa cena de uns 10 minutos, com um spot iluminando o vazio, não parece ser uma boa idéia. E o espetáculo vai acumulando esses dilentantismos, um atrás do outro.

O elenco (não encontrei os nomes em nenhum lugar para poder citá-los, como sempre faço) se esforça pra realizar um trabalho visceral mas, como em todo o espetáculo, percebe-se o desejo e a falta de ferramentas para realizá-lo. A direção (coletiva? de quem?) não parece saber pra onde o espetáculo deve caminhar. Várias convenções são criadas e, no momento seguinte, deixam de valer. Mas isto não parece ser intencional. Não é um jogo dialético. Não é um jogo metafísico. É um jogo onde as regras não parecem estar claras, nem para os jogadores, nem para o público. E daí, só nos resta o tédio.

sábado, novembro 25, 2006

Um Velório Pouco Perverso!


Está encerrando temporada neste final de semana o espetáculo Sonho de Uma Noite de Velório, com o Grupo Armação, dentro do projeto Ato Contínuo na Casa do Teatro, uma parceria com o Grupo O Dromedário Loquaz, ou seja, dois dos grupos com mais história em Fpolis.

Já havia visto o drama O Jardim da Delícias (meu primeiro post neste blog: Um Jardim Cheio de Boas Intenções!) e só agora pude assistir a esta comédia. Por um lado, é interessante poder assití-la somente agora, no fim de temporada, pois deu ao grupo a possibilidade de ganhar ritmo de espetáculo, necessidade básica da comédia. Por outro lado, a visão torna-se mais crítica, pois o grupo não tem a desculpa de que o espetáculo ainda não está maduro.

O texto (de Odir Ramos do Nascimento) parte de uma premissa simples para uma poderosa e divertida discusão sobre a mercantilização das relações humanas e a possível inversão de valores causadas pela mesma. Uma funerária (subsidiária da Super Coffin Inc.) prestes a completar 25 anos e atingir a marca de 50.000 clientes "satisfeitos" busca ajuda de um publicitário para aumentar o seu faturamento. Em contraponto, existe o núcleo dos empregados desta firma, que até certo ponto, deixam transparecer seus sonhos e necessidades, ainda não tão influenciados pelo "mercado".

A direção (de Antônio Cunha) percebe logo a linha cômica do texto e apoia-se sobre ela para conseguir os melhores momentos do espetáculo. Todo o início do espetáculo, apoiado sobre sólidas interpretações de Édio Nunes, Zeula Soares (era ela quem fazia a deliciosa figura da secretária na apresentação que assisti, mas reveza-se com Carin Dell'Antônio no papel) e Giovana Silva (num papel masculino) funciona como um relógio e a platéia diverte-se muito com o jogo. Na segunda parte do espetáculo, o diretor parece não compreender a perversidade do texto, que inicia um interessante contraponto entre o mundo dos negócios e a morte de alguém conhecido pelos funcionários, ou seja, alguém que não é apenas o morto 50 mil! O jogo, então, enfraquece e toda a trama vai ganhando contornos de banalidade, chegando à um final sem ápice!

O restante do elenco (Jaime Baú, Nana Álvares, Sandra Ouriques, Silvana Búrigo, Sandro Maquel e/ou Juliano Vargas), ao mesmo tempo que não compromete o espetáculo, também não contribui sólidamente para que o espetáculo obtenha mais nuances. Jaime Baú tem um papel de peso no espetáculo, mas sua interpretação resulta forçada e burocrática, com excessão da cena em que parodia a linguagem de sinais (libras), roubando a cena completamente.

Ao contrário do Jardim das Delícias, a cenografia parece deslocada na utilização das fachadas do casarão. Creio que funcionaria mais em um palco italiano, contrariando um pouco o projeto inicial. Figurinos, sonoplastia e iluminação são corretos, pode-se dizer até, sub-aproveitados.

Por mais que o grupo não ouse em pesquisar novas linguagens, o espetáculo resulta numa montagem coerente. O público responde muito bem, comparecendo em peso e lotando a pequena Casa do Teatro, incentivando ao grupo que continue em cartaz. Espero que aconteça. E que o diretor possa colocar um pouco mais de humor negro e perversidade no espetáculo. Ousar, de vez em quando, é bom!

terça-feira, novembro 21, 2006

Invadindo a Casa...


Volta em cartaz, no SESC Prainha, o espetáculo A Casa Tomada do Grupo E(x)periência Subterrânea, dirigida por André Carreira, com texto/roteiro de Silvana Garcia (a partir da literatura de Júlio Cortázar) e com atuações de Heloíse Baurich Vidor e Paulo Vasilescu.

Tentei encontrar algum material (release) sobre o que o grupo propunha com este trabalho, mas não consegui. O próprio programa do espetáculo não dá muitas indicações sobre o escritor, montagem, idéia, concepção... levando a crer que o grupo acredita que o espetáculo deve se explicar por ele mesmo (idéia com a qual, particularmente, compartilho!). Mas, em se tratando de Cortázar, não é uma tarefa simples.

Não havia lido o conto antes de ir ao espetáculo, logo não tinha nenhuma informação sobre o que iria presenciar. Neste sentido, terminei o espetáculo com bastante dúvidas sobre o que havia presenciado. A história é simples: Dois irmãos vivem em uma casa grande e levam uma vida solitária. Irene tece, sem parar. O irmão lia, mas já não há literatura decente. E assim eles vão levando suas vidas até que começam a ouvir estranhos ruídos em várias partes da casa e se dão conta de que a casa está sendo tomada. A trama desenvolve-se até que são "obrigados" a abandonar a casa e jogam a chave num bueiro, pois "se alguém decide entrar para roubá-la, vai encontrar a casa tomada".

Esta "alegoria do sentimento de invasão" apontada pela primeira vez por Juan José Sebreli no ano de 1964 em “Buenos Aires, vida cotidiana e alienação” (in SEBRELI, 2003: p.102), pode ser uma das chaves para a leitura do conto e, talvez, do espetáculo. Mas, afinal, de que invasão estamos falando neste caso? Que sentimentos é este? Com que situações contemporâneas podemos estabelecer links de pensamento? De que maneira o espetáculo aponta qual a sua real razão de existir? Arte pela arte?
A cenografia (de André Carreira) parece ser o grande achado da encenação. Auxiliada pela iluminação (também de André) nos ajuda a criar inúmeras imagens e sensações de distanciamento e perda. A maneira como os personagens vão ficando difusos, quanto mais se distanciam de nós e vão perdendo espaço na casa, pode também servir de indicação de possível leitura para o espetáculo.

Os figurinos (de José Alfredo Beirão) e a sonoplastia (assinada pelo Trio Koan: Diogo de Haro, Francisco Wildt e Jefferson Bitencourt) são apenas "corretos". O mesmo se aplica às atuações; neste caso com um melhor desempenho de Paulo Vasilescu, que consegue momentos mais consistentes e inspirados. Seu trabalho vocal resulta bastante interessante.

No todo o espetáculo resulta bastante instigante, mas talvez necessite deixar de ser tão hermético e oferecer chaves para uma melhor relação com o público. Capacidade para isto o grupo tem, como já podemos ver em trabalhos anteriores, tais como Album Sistemático de Infância e Women's.

domingo, novembro 05, 2006

Fly away, Butterfly...



Estreou dia 28 de outubro, em Florianópolis, na sala Lindolf Bell, o espetáculo Butterfly da Andras Cia. de Dança-Teatro. O espetáculo está inspirado na obra Madame Butterfly, escrita pelo americano John Luther Long em 1900. Quatro anos depois, foi adaptado para a linguagem lírica pelo italiano Giacomo Puccini. Daí em diante recebeu diversas montagens e versões pelo mundo.

Nesta montagem, de dança-teatro, não há texto falado, ou seja, não existem palavras pronunciadas pelos atores-bailarinos (Barbara Biscaro, Clara de Andrade, Juarez Nunes, Milton de Andrade, Monica Siedler e Samuel Romão) e além de ser uma espetáculo, também é uma exposição de artes plásticas contemporânea, composta por objetos cênicos (elaborados por Roberto Freitas, Roberto Gorgati e Herberth Bolaños) que envolve os participantes das apresentações.

O espetáculo dá seguimento à proposta do grupo de dar uma nova roupagem à obras clássicas (iniciada com Quixote, espetáculo premiado na Itália pela pesquisa e renovação poética sobre o tema), trabalhando nelas temas contemporâneos, atualizando-as, ou encontrando novos significados.

Por já conhecer a obra de Puccini, creio ter sido um pouco mais fácil o entendimento sobre o espetáculo (não que eu ache que o coreógrafo/diretor Milton Andrade queira que o espectador "compreenda" a obra em sua totalidade). Mas, não sei se uma pessoa que nunca tenha visto, ou lido, ou ouvido falar sobre a obra original vá ter condições de identificar alguns signos presentes no espetáculo. Os conflitos parecem mais esboçados do que realmente apontados nesta versão. O choque entre duas culturas (ocidental e oriental), entre o masculino e o feminino, entre os personagens não acaba de se esclarecer totalmente.

Por outro lado, resulta muitíssimo interessante o trabalho de vídeo realizado (Roberto Freitas e Roberto Gorgati). Não caindo na mera ilustração e sim propondo novos significados para a obra em andamento. A entrada das mãos que, algumas vezes, parecem manipular os personagens, em outras parecem acalentá-los e noutras ainda, parecem esmagá-los nos faz encontrar mil significados e/ou possíveis leituras.

Ao mesmo tempo, a utilização espacial da Sala Lindolf Bell parece carecer de maior unidade. Não consigo fazer uma ponte entre o que é para ser "visto" e o que é "instalação/cenário". Neste campo ainda, a direção e os personagens parecem não terem delimitado claramente seus "territórios". Onde estamos em cada momento da obra? Que lugar é esse? Espaço de encontro ou guerra? Que valor assume, em cada momento, cada espaço onde as coreografias acontecem?

Vale ressaltar o trabalho interpretativo de Monica Sidler (atuando com bastante inteireza em sua participação, oferecendo uma gama de sutilezas dentro da personagem) e o carisma de Clara de Andrade (realmente um encanto em cena!).

E, o que talvez seja o mais importante, percebe-se a clareza com que o grupo se aprofunda em seu trabalho. Oferecendo um espetáculo consistente que não se deixa seduzir pelo viés fácil do exibicionismo. Um grupo que ainda deve gerar belíssimos frutos em Florianópolis.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Perdida no Desvio

De acordo com o programa do ERRO Grupo, o espetáculo Desvio nasceu "através do objetivo que o grupo tem em explorar formas diferentes de relação com o público, e criar situações, experiências, das quais nós, o grupo e o público, não conhecemos. Experiências que habitam um território desconhecido."

Partindo dessa premissa, posso dizer que o grupo é extremamente fiel ao seu objetivo. Eu, sou obrigada a confessar, me senti completamente perdida durante a apresentação do espetáculo. Perdida por não entender qual a real proposta do que estava sendo apresentado. Se isso é positivo, ou negativo, deixo para que os espectadores decidam. E você, caro leitor, pode me ajudar deixando aqui suas impressões.

O que posso lhes dizer é que o espetáculo não me convence! Saí dele com uma sensação de vazio. Mas não uma sensação de vazio "beckettiano". Não uma sensação de vazio que me fez pensar sobre minhas questões. Simplesmente um vazio do tipo: Ok, vou comer um cachorro quente!

E, por favor, não me venham com explicações do tipo "estamos explorando a representação da violência e não a própria violência"! Isso não me convence...as interpretações não me convencem... as canções não me convencem... o "profundo questionamento poético" não me convence. Mas, talvez, seja um problema meu. Talvez eu queira outra coisa do teatro que não é o que o grupo esteja pensando em fazer.

Assim, pego eu um outro desvio. Vou andando em outra direção. Menos conceitual e mais espetacular. Vou me perder por outros lados. E que cada um siga o seu caminho.




Equipe - DESVIO
Elenco: Ana Paula Cardozo, Luiz Henrique Cudo, Michel Marques, Luana Raiter
Performers: João Garcia, Ângelo Giotto
Sonoplastia e Composição: Priscila Zaccaron
Tradução e melodia: João Garcia
Assistência de Cena: Rodrigo Sampa
Direção de Arte: Luana Raiter
Assistência de Direção de Arte: Júlia Amaral
Dramaturgia: Luana Raiter, Pedro Bennaton
Concepção e Direção Geral: Pedro Bennaton
Criação: ERRO Grupo

Insensatez ou Pretensão?



Assisti ao espetáculo "Insensatez" da Esfera Produções Artísticas, neste final de semana no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC). Como não conhecia o grupo, antes de ir ao teatro dei uma pesqui-
sada na web para ver se achava alguma informação. Todo o material que achei foi o de divulgação desta temporada, o que me levou a supor que o grupo deve estar iniciando suas atividades. Neste sentido considerei um bom desafio trabalhar com um clássico, visto que a consistência de um texto que resistiu a tantos anos pode dar uma boa direção para uma pesquisa mais aprofundada sobre um determinado tema.

De qualquer maneira, minha busca não se mostrou muito produtiva. O que encontrei na apresentação não necessitaria de conhecimentos específicos para auxiliar na minha possivel observação.

Por exemplo, não tenho como realizar um comentário preciso sobre o texto (do também diretor Carlos Marroco, que segundo o grupo, é inspirado na obra de Eurípedes e recebe o sub-título de "O Julgamento de Medéia") pois em todo o primeiro momento do espetáculo (após o longo vídeo inicial) não consigo entender nada além de palavras soltas aqui e alí, devido à maneira como os atores trabalham com as palavras. No restante do espetáculo fica bastante claro quando o autor "cita" textos clássicos e quando insere palavras suas, ou ainda, a improvisação dos atores, principalmente no vídeo. É gritante a diferença da qualidade textual. Os argumentos, no segundo caso, resultam repetitivos e simplistas.

O elenco (Mariane Feil, João Gesser e José Guntin Rodriguez) parece empenhado em tentar realizar as proposições cênicas que foram formuladas, mas suas possibilidades, pelo menos aparentemente, não são suficientemente capazes para a tarefa e também para que consiga relacionar-se com o público. O espetáculo fica isolado, dentro da caixa cênica, enquanto o público, que deveria estar experimentando algum tipo de catarse (afinal estamos falando de uma tragédia) experimenta extremos entre a falta de interesse e, em alguns momentos, o riso. Fica evidente o melhor preparo de Mariane Feil, mas mesmo assim, talvez pelos definições do diretor, ela não consegue escapar das ciladas de se representar um "mito" e nem de fugir dos estereótipos comuns de mulher sofredora e "louca". De qualquer forma, há um grave problema de emissão verbal em todo o elenco.

Como ponto positivo fica uma boa utilização da cenografia (de Reno Caramori) que só através da organização dos recursos de pernas e coxias do teatro cria um espaço intrigante, completamentada de maneira harmoniosa pela iluminação e alguns bons momentos da sonoplastia (ambos de Carlos Marroco).

O trabalho do vídeo também incita algumas críticas bastante duras, mas vou deixar para alguém que tenha mais conhecimento sobre a área faça observações ao grupo. De qualque forma a duração dos mesmos, dentro da encenação, está extremamente alongado.

Será que, no caso desta montagem, não houve um pouco de pretensão do grupo? Talvez se o grupo partisse de um texto mais consistente (ou seja, o clássico original), não teria tido possibilidade de conseguir um resultado mais sólido. Se tivesse se debruçado sobre uma pesquisa mais apurada sobre interpretação e a poética dessa obra não teria evitado alguns equívocos presentes neste espetáculo? Sobre que definições está sendo contruido os "estudos sobre Teatro Contemporâneo" que o grupo cita no programa? Fazer algo mais simples de uma maneira mais consistente não seria mais interessante do que apenas fazer "diferente"?

Espero que o grupo possa tomar essas considerações como algo para pensar e ajudar na forma do seu resultado neste momento. E que toda a confusão no palco não tenha passado de insensatez!

domingo, outubro 22, 2006

Lili e o sonho da poesia!


Seguindo no caminho da poesia, esteve em cartaz no Teatro do SESC Prainha, em apenas três apresentações, o espetáculo Lili reinventa Quintana, da recém chegada à Florianópolis, Téspis Cia. de Teatro. Aqui, o grupo assume como "espetáculo teatral" o trabalho criado a partir de poemas de Mario Quintana, montagem esta realizada em homenagem ao centenário de nascimento do mesmo. A companhia, mesmo estando há 01 ano na cidade, já tem um trabalho acumulado anteriormente na cidade de Itajaí, tendo viajado por vários estados do país e também no exterior.

O espetáculo não tem uma história propriamente dita. Tudo gira em torno de um clima onírico, onde vão aparecendo distintos poemas, objetos, pequenos bonecos, roupas, etc. Um apresentador (Max Reinert, também diretor do espetáculo) nos recebe na porta do teatro, nos entrega programas e indica o início do espetáculo dizendo que "a vida também precisa ser sonhada". Com isso, abre uma cortina que separa o palco da platéia e encontramos uma menina dormindo (a atriz Denise da Luz) sobre uma grande caixa laranja e um céu muito azul! A partir daí vários jogos vão ser realizados, sempre acompanhados de textos de Mario.

Todo o tratamento visual é muito bem realizado, com um acabamento muito profissional. O cenário (de Agê Pinheiro e Max Reinert) é bastante aconchegante e bonito, nos remetendo às gavetas de Salvador Dali, numa referência direta ao onírico, referência esta sublinhada pela belísima trilha sonora original (composta por Alessandro Kramer e Guinha Ramirez, bastante conhecidos no meio músical da cidade). Os figurinos (de Denise da Luz) também são muito bonitos e bem cuidados, ou seja tudo de acordo com a proposta inicial do grupo. O único senão é uma pequena caixa utilizada no início do espetáculo (um pouco bruta e poderia ser melhor trabalhada), assim como, talvez, a iluminação do espetáculo, que poderia explorar climas diferentes.

O trabalho da atriz Denise da Luz é bastante sutil, aliás como todo o espetáculo. Está apoiado sobre a palavra do Mario e parece não haver tido muita preocupação com a "construção" de um personagem "infantil". Percebe-se sua relação com a platéia o tempo todo, criando climas e situações que dão sustentação à sequência de poemas. Digo sequência de poemas porque em alguns momentos o espetáculo me pareceu mais uma performance (não é uma crítica negativa ao trabalho!), um jogo de armar, uma sequência de brincadeiras infantis. E nesse sentido a gente pode perceber a atriz ali, entretida com a brincadeira, com as sensações que os poemas trazem à ela e pra gente, na platéia.

Eu gostaria de poder ver este espetáculo com crianças na platéia, pois na sessão em que eu estava só havia um menino. E, pude perceber, as reações dele apareciam em momentos bastante distintos que as nossas, adultos! Aliás, este o grande senão da sessão de sábado. Uma grande pena que tão pouco público tenha comparecido à um espetáculo tão doce, singelo, sutil e que tem muito respeito pela criança. Bem diferente de certas produções que costumam lotar o CIC e o TAC com suas ínfimas preocupações sobre o teor de sua montagens.



Um longo e tranquilo sono à Mario Quintana!!! Que seus poemas continuem nos embalando na correria do dia-a-dia e no cinza de nossas grandes cidades.

Na Folia da Arte Contemporânea...



......O SESC Santa Catarina têm se mostrado um incansável na batalha pela cultura! Todas as suas ações fogem (ou pelo menos tentam fugir) do óbvio no fomento à formação de platéia e da ampliação do vocabulário dos artistas e público em geral. Nos dias 17, 18 e 19 deste mês foi a vez do Folia das Falas - Encontro de Poetas e Poesia. Várias ações ocorreram nestes três dias dedicados às palavras: Oficinas, Palestras, Lançamentos de Livros e (aqui entro eu, com minhas opiniões) Apresentações de Performances.

Território movediço esse da arte "contemporânea"!!!

Território movediço esse da "performance"!!!

Não pretendo aqui entrar na discussão sobre os conceitos e as diferenças entre "Teatro" e "Performance"; "Multimídia" e "Intermídia"; "mediação" e "novos suportes para a cena" (até porque não tenho conhecimento suficiente, meu humilde conhecimento acadêmico na área termina em Renato Cohen, ícone bastante óbvio deste linha de trabalho!). Mas ( e sempre há um pequeno "mas"), até que ponto as experiências mostradas dentro das performances presentes no Folia das Falas nos levantam questões sobre a arte contemporânea?



Em Radical Volátil de Dennis Radünz, Música Legal com Letra Bacana de Os Poets e Um Ano Entre Humanos de Ricardo Aleixo vemos três maneiras extremamente distintas de se aproximar do trabalho performático e até mesmo da palavra poética na cena. Além da busca por trabalhar a palavra além de sua possível significação, tentando dar valor às sonoridades produzidas pelo ato de falar poesia, os três momentos nos dão diferentes respostas à maneira da construção cênica. Enquanto Radünz busca construir uma cena (limpa e bela) quase teatral, parece que Os Poets e Aleixo não se importam muito com o que vai ser "visto" pelo público. Dennis contrasta bastante com Aleixo no sentido de ter algo "constuído" para ser mostrado ao público, enquanto este parece deixar surgir sonoridades quase que ao acaso, numa espécie de happening, tendo ele próprio citado John Cage.

Mas, é interessante perceber, que o melhor momento da performance de Aleixo é quando ele simplesmente deixa de lado as "experimentações" (que, com o perdão da palavra, acabam construindo um aglomerado de ações sem sentido!) e investe na força de seus poemas e em sua forte presença cênica. A passagem em que ele questiona "o que é humano" faz com que a platéia rapidamente reflita sobre sua realidade. Os Poets realizam um trabalho interessante, mas que não apresenta muita novidade sobre o quem sido visto ultimamente. Radünz se debruça sobre sua palavra. O trabalho com vídeo ainda não aponta qual a direção que deseja seguir, não acrescentando nada à performance. Parece não passar de uma reiteração da imagem do poeta em cena. O mesmo acontece com a gestualidade construída. Que signos são esses utilizados na construção da cena?

Talvez esta última pergunta nos remeta novamente sobre as questões levantadas anteriormente sobre a arte contemporânea: que querem dizer às pessoas deste tempo os nossos poetas? Que tipo de estruturas "experimentais" ou não estabelecem diálogo com o público, ou até mesmo, com os estudantes que participaram desta folia? Talvez, como nos dizia Grotowsky, esteja faltando um diretor "expectador" de profissão para tentar ajudar na conversa com essa platéia.

E afinal: A Madonna é humana?

segunda-feira, outubro 16, 2006

Un Actor en la Escena!

Recentemente, esteve se apresentando no Teatro do SESC Prainha, o espetáculo teatral "Bengala", solo do ator Néstor Navarria que realizou pequena turnê em Santa Catarina com apoio do Grupo Teatro em Trâmite (de Fpolis, SC). O espetáculo realizou apresentações também na cidade de Joinville e Blumenau.

"Bengala" nos conta a história de um boxeador, já não tão jovem, que tem a chance de realizar uma última luta para tentar revitalizar sua carreira. Tendo esta situação como ponto de partida, o brilhante texto assinado por Alfredo Megna (dramaturgo já conhecido no estado por realizar algumas parcerias com grupos daqui, entre eles, a Cia. Carona de Blumenau) discorre sobre fatos da vida deste mesmo boxeador, de seu relacionamento com sua esposa que acaba de abandoná-lo, das relações com o médico da federação de boxe, do programador das lutas, da moça que passa com as placas dos rounds... ou seja, de toda uma complexidade de situações que formam aquilo que chamamos "realidade".

No palco nú, Néstor é o responsável por nos fazer acreditar em toda essa complexidade! Um figurino simples (um traje de boxeador tradicional, com as botas, luvas, etc.), uma toalha, um banquinho e uma garrafa de água são todos os elementos que o ator tem para nos convencer (e ele consegue!) que uma luta está ocorrendo alí. Uma luta de boxe? Ou uma luta de um indivíduo com o tempo? Um indivíduo que se nega a ser despejado da cadeia produtiva da sociedade; que se nega a abandonar seus sonhos.

Que interessante pode ser essa possibilidade de trabalhar sem nenhum elemento extra que não seja o trabalho do ator... mas, ao mesmo tempo, fico me perguntando que potência não poderia assumir este trabalho se os diretores Leonardo Odierna e Armando Saire oferecessem ao espectadores um pouco mais do clima da luta ou, quem sabe, elementos que ajudassem o ator a não ter que arcar com todo o trabalho sozinho. Talvez alguns elementos resolvessem pequenas quedas do ritmo do espetáculo. Ou talvez, ainda, uma sonoplastia um pouco mais elaborada.

Talvez, talvez, talvez...

Um outro ponto que merece registro é a opção quase que melodramática da encenação... ou será que isso tem mais a ver com a "alma" tangueira dos argentinos? Sim, pois é bastante comum em obras latino-americanas um certo discurso de "vítimas" da situação. Não é a toa que Néstor (e o espetáculo) se sai muito melhor nos momentos mais cômicos e irônicos. Sim, pois o humor destes argentinos não é nem um pouco apelativo, como se costuma ver em muitas produções no Brasil. É um humor que aprofunda a dor na alma das personagens e, em conseguência, em nós mesmos... espelhos de algo que "poderia se tornar..." e não é! De alguém que "esteve à ponto de..." e não foi. De uma "iluminação" que talvez só nos chegue no dia de nossa morte. Mas, se for para morrer dessa maneira, morrerei feliz, entendendo um pouco mais da vida e de mim mesmo!

sábado, outubro 14, 2006

Uma enxurrada de metáforas!


Re-estreou na cidade, no Teatro da Ubro, cumprindo temporada até o final de outubro, o espetáculo “F” da Persona Cia. de Teatro.

Premiado em vários festivais de Teatro do país, foi o primeiro trabalho da Cia, em busca de sua profissionalização. Não há possibilidade de pensar sobre este espetáculo ignorando a trajetória dos “personas”, ou seja, sem deixar de levar em conta os espetáculos que o sucederam.

F” é um espetáculo que trata das fragilidades humanas. De inspiração claramente Kafkiana, explora uma pesquisa sobre o expressionismo, tratando de personagens freaks, esquisitos, deformados, estranhos... ou seja... um mundo mais ou menos parecido com o nosso, só que colocado sob uma lente de aumento.

Todo o tratamento visual do espetáculo é impecável. Iluminação (de Jefferson Bittencourt), cenário (de Roberto Gorgati, criado a partir dos mínimos recursos, deixando somente o estritamente necessário na cena) e figurinos (de Gláucia Grígolo) estão completamente de acordo com a proposta do grupo.

A escolha da sonoplastia (de Jefferson Bittencourt, novamente) é belíssima, só cabendo aí uma pequena pergunta: Não há um descompasso entre a altura da trilha em comparação com a voz dos atores? (Pelo menos parecia haver no primeiro final de semana, quando assisti ao espetáculo.) E talvez nesta questão esteja uma das fragilidades do espetáculo. A qualidade de emissão vocal do elenco é desigual, o que nos faz perder em alguns momentos parte do texto que está sendo dito.

Fica claro que o elenco (Melissa Pretto, Gláucia Grígolo, Igor Lima e Malcon Jean Bauer) está afinado com a proposta da encenação, mas isso naum significa que consigam dar "carne" à "enxurrada de metáforas" proposta por Rogério Christofoletti. O texto parece carecer de maior complexidade para os personagens. Nesse sentido se saem melhor Gláucia (com uma competente contenção) e Malcon (que tem nas quebras irônicas de seu personagem uma grande oportunidade para demostrar maior versatilidade).

Entra aqui a colocação acima sobre não poder ignorar as montagens que sucederam "F" realizadas pelos "personas". Após ter assistido "Nem mesmo a chuva tem mãos tão pequenas" percebe-se claramente que o grupo consegue ser mais contundente quando tem um material dramatúrgico mais sólido nas mãos. Mas isso, talvez, já seja motivo para um outro texto que poderá ser postado aqui neste Blog, assim que reassistir o espetáculo.

sábado, outubro 07, 2006

Um Jardim Cheio de Boas Intenções!

Está em cartaz, na Casa do Teatro Armação, o espetáculo "Jardim das Delícias", de Sulanger Bavaresco, pelos Grupos de Teatro Armação e O Dromedário Loquaz dentro do projeto Ato Contínuo na Casa do Teatro. O espetáculo (segundo o programa) é a soma dos esforços e talentos de ambos os grupos na encenação de um drama e uma comédia, permanecendo em cartaz até o final de novembro.

Em "Jardim das Delícias" (ainda não pude ver o outro trabalho) nós temos a história de uma família que, após ter ganho uma casa nas mesas de jogo, muda-se para o seu, não tão sólido, novo imóvel. Lá chegando começa a repetir inconscientemente alguns dos procedimentos dos antigos moradores. Falar um pouco mais da história pode estragar as surpresas de novos espectadores, embora a trama não escape de alguns clichês de filmes como "Os Outros" e "O Sexto Sentido".

Mesmo assim, a dramaturgia, a encenação e a cenografia são os grandes trunfos da montagem. Sulanger Bavaresco demonstra saber o caminho que está traçando neste três ítens e segue com um processo muito interessante que já se delineava desde "Agnus Dei" e se fortalecia em "Quinnipak - Mundos de Vidro". Sua utilização da fachada de fundo da Casa do Teatro e do Círculo Ítalo Brasileiro é primorosa e impressiona desde o primeiro momento, assim como a iluminação criada em conjunto com Irani Apolinário. A encenação cria belas imagens, que complementam as idéias originais do texto e nos proporcionam belos momentos.

Mas há ítens em que, infelizmente, boas intenções não são suficientes para segurar um espetáculo de aproximadamente 01 hora e 10 minutos. A trilha sonora de Ian Ferreira Alves(embora bonita, como música) não propõe dinâmica para o espetáculo; ao contrário, parece contribuir para dar ao mesmo um tom arrastado e pretensamente "profundo". A direção dos atores e o conjunto de atuações (Diana Adada Padilha, Egon Seidler, Máricia Krieger, Regina Prates e Sérgio Bellozupko)resulta frágil, apoiada sobre clichês de "dramaticidade" e forçada. Em alguns momentos nos soam um pouco melodramáticas, embora esta não pareça ser a intenção da direção. Cabe ressaltar o primeiro monólogo de Diana Adada Padilha (como Luiza) que, sem buscar nenhum artifício caricatural, emociona e conquista a platéia. Pena que o recurso de seus monólogos vão diluindo sua interpretação, desgastando uma imagem tão bem construída à priori. Na maioria do tempo os atores parecem estar flutuando em algum limbo "interpretativo", com pausas que resultam vazias e gestos e marcações que nascem de um desenho alheio à vontade das personagens. Talvez a preparação corporal possa ajudá-los a encontrar um tônus mais apropriado para a cena, quebrando com algumas tensões extremamente visíveis.

O público parece estar respondendo bem à montagem, comparecendo e se comportando adequadamente. Os ruídos que o espaço alternativo nos trouxeram (carros e uma música ao vivo insuportável que durou durante quase todo o período do espetáculo) acabam por nos ditanciar um pouco.

De qualquer forma, a montagem reflete uma vontade dos grupos de realizar um tabalho de qualidade, não se rendendo à comédia imbecilizante, nem aos clichês televisivos vigentes. Apoia-se sobre uma busca extremamente saudável da diretora, apoiada com muito boas intenções por todo o grupo! O que, por sí só, já é um mérito!