quinta-feira, agosto 02, 2007

Pura Falta de Sentido!


Existe um período da vida da gente em que gostamos de chocar! Muitos artistas utilizaram-se desta estratégia para chamar a atenção para alguma causa, para levantar alguma discussão pertinente ou ainda para conseguir seus quinze minutos de fama. A possibilidade de surpreender a platéia com uma ação inesperada, com uma ação que a retire de sua passividade e a coloque diante de paradoxos ou situações limite é uma poderosa arma na comunicação teatral.

Una-se a isto uma temática arriscada e pouco explorada no cenário cultural catarinense, a homossexualidade, e o que temos? Uma receita explosiva que pode resultar numa realização com forte apelo, tanto artístico quanto comercial.

Interessada nessa mistura, fui ao Teatro Álvaro de Carvalho nesta quarta-feira para assistir ao espetáculo Juan e Marco com Marcelo Lalau e Nando Schweitzer (que também assina texto, direção e música original).

Ao chegar ao teatro me deparei com o cartaz (não havia visto antes) que trazia as seguintes frases: "segundo o ministério Público: Imprópria para Menores" ; " Aviso: quem ri de Zorra Total, A Diarista, Sob Nova Direção e similares não irá entender as piadas" e "o espetáculo mais polêmico de sua vida!", entre outras. Confesso que tive vontade de recuar, mas compreendi que as frases eram humoradas e tentavam, desesperadamente, atrair público ao teatro. Ou seja, me identifiquei com esta necessidade, afinal todo artista quer que seu trabalho seja visto.

Felizmente o teatro estava praticamente vazio! Digo felizmente porque o espetáculo é uma sucessão incomensurável de equívocos, preconceitos e falta de respeito com o público. Para início de conversa é de um amadorismo (no sentido pejorativo) tremendo. Os atores obviamente não têm suas falas decoradas. Andam pelo cenário (?) sem parar, sem nenhum tipo de intenção ou desenho de cena. Não sabem posicionar-se na luz, ficando quase o tempo todo com metade do corpo iluminado e o rosto no escuro. Tem péssimo trabalho vocal fazendo a platéia perder muito do texto que é mal falado. Fingem, de maneira primária, emoções que não convencem a ninguém na platéia, causando, na maioria das vezes, risadas quando deveriam emocionar e um silêncio constrangedor quando deveria haver risadas.

Fiquei me perguntando onde estava a razão da tão esperada polêmica. Será que esperavam criar polêmica por causa da nudez dos atores? Não seria a primeira vez que isso se faz no teatro, nem mesmo aqui em Florianópolis. O beijo entre os dois homens? Talvez se fosse levado a sério e não da maneira histérica como aconteceu poderia provocar alguma reação na platéia. Seria polêmico discutir a relação homossexual de maneira banal e com uma falta de lógica absurda?

Talvez seja polêmico saber que o diretor da peça esteja oferecendo cursos de interpretação e canto na cidade. Talvez seja polêmico que não exista nenhum tipo de rigor no momento de se ensaiar um espetáculo. Talvez seja polêmica a pura falta de sentido encontrada neste espetáculo. Mas, acho que polêmica não seria a palavra adequada, mais correto seria dizer constrangedora!

7 comentários:

Unknown disse...

Além de tudo este menino acha que pode formar um ator em seis meses e ainda garantir DRT, desrepeito com os profissionais da área!!

Nando Schweitzer disse...

Detalhe o plano de ensino aprovado pelo sindicato é de 10 meses - 360h, 36h mensais, 9h semanais, 3 x por semana de 3h aula...

Udescquianos se acham o canal único do teatro catarinense!

Sara Kane disse...

Talvez o problema não seja o tempo das aulas e sim o que é ensinado.

Afinal, seu trabalho como ator e diretor deve falar sobre o tipo de ensinamento que você passa para seus alunos.

Sinto muito, mas pelo que eu vi em cena, não tenho como compactuar ou ser imparcial neste assunto.

Existem várias escolas livres de teatro em SC que formam alunos, vários atores atuantes no estado saíram delas e estão contribuindo para a cultura do estado.

Mas, é necessário o mínimo de critérios!

Nando Schweitzer disse...

http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=12642740&tid=2519422730611591952&start=1

Não precisa compactuar, o plano de ensino está na rede, é seguido e regulamentado no SATED-SC...

Quanto a peça, minha crítica seria mais dura que a sua... Além de problemas de bastidores, tive um grande atrito com a recusa do ator a fazer as cenas como na estréia. Tanto que precisei substuir o ator.

Críticas bem vindas, agora calúnia não. Pois dizer que meu curso é de 6 meses??? Sendo de 10 é calúnia!

E que diferença faz 360h em 2 anos cobrando 250,00 por mês como certas escolas. ou 360h em 10 meses por 60,00 por mês.

A carga horário e o objetivo é o mesmo!

Nando Schweitzer disse...

E cantar MPB na rua, no Vilarejo de Desterro, durante 3 anos, tendo como única fonte de renda para se sustentar... É tb um fato interessante!

Anônimo disse...

ainda bem q eu não vi... uuuuuuuuuuuuufaaaaaaaaaaaaaaaaaa

Anônimo disse...

e desde quando Províncianópolis assiste teatro local?

Prefere pagar 50 reais pra durmir na peça da Eva Wilma, como ocorrera com várias pessoas... Inclusive a pauteira do Jornal do Almoço, Rosa Maria, que cede a esse tipo de pseudo-espetáculo, meia hora de divulgação gratis, como se precisasse, e para peças locais... é 3 minutos de 3 em 3 anos...