segunda-feira, dezembro 11, 2006

Atores!!!!!!!!!!!!!


Não é bom quando você vai a um espetáculo e, realmente, gosta do que viu? Quando, por mais que apareçam motivos para serem escritas ressalvas, ou pequenas observações, isso acaba não tendo a menor importância. E quando, ao invés de acontecer isso uma vez, você tem logo dois espetáculos assim na mesma semana?

Pois foi o que aconteceu comigo, semana passada, indo ao SESC Prainha assistir A Descoberta das Américas e O Porco. Por mais que possa haver questionamentos sobre algumas das opções da direção (e eles existem, não sejamos ingênuos!), o que se sobressai é o trabalho preciosíssimo dos atores.


Em A Descoberta das Américas, Julio Adrião tem uma pequena maratona teatral para colocar em cena o texto de Dario Fo (Johan Padan alla Descoverta delle Americhe, de 1992) sob a direção de Alessandra Vanucci. Usando recursos da mímica e da antropologia teatral, o ator se desdobra em inúmeros personagens (alguns deles memoráveis) para dar uma nova versão sobre o processo de colonização das Américas. O espetáculo vai ganhando aos poucos uma força cômica que leva o público praticamente ao êxtase, mesmo os que não estão acostumados aos códigos teatrais, como aconteceu na sessão que pude presenciar. Estreado em 2004, o espetáculo está em plena forma e consegue manter a platéia atenta às 1h45min de sua duração (parece até uma brincadeira – vide o post anterior), nos levando a crer que não é o tempo e sim a qualidade do que está sendo mostrado o ponto definitivo do teatro.

Em O Porco pode-se dizer que temos a perfeita antítese deste espetáculo. Desde a duração, até a atuação, “síntese” parece ter sido a palavra condutora do processo de construção deste trabalho. Henrique Schafer nos conduz nos 45min de duração, de maneira quase minimalista, pelas memórias deste porco no dia de seu abate. Ele é o porco! E para isso não se utiliza de nenhuma saída patética de interpretação. É, e pronto. Aceito o jogo, vamos sendo conduzidos pelos questionamentos, reflexões, reações passivas e gritos de revolta deste ser. Ator e diretor (Antonio Januzelli) vão nos deixando brechas, momentos, pausas, respirações para que possamos ir nos identificando com o espetáculo.


Vendo espetáculos assim é que vários dos meus preconceitos vêm abaixo! Duas formas tão distintas de interpretação. Duas formas tão distintas de construção da cena teatral. Duas formas tão distintas de se chegar até o expectador. Poderia até dizer que me identifico mais com este ou aquele espetáculo... mas que importância teria isso? Muito mais importância dizer que, quando há qualidade, e nesses casos isso é inegável, o ato teatral ganha um aspecto inconfundível.

Novamente tenho que agradecer ao SESC pelas oportunidades que nos têm dado de assistir espetáculos que raramente chegariam à Santa Catarina numa produção “normal”. Que venham mais!!!! A cidade, carente, agradece!

2 comentários:

Katacultura disse...

Olá Sara,
Bem legal teu blog. Parabéns!
Também tenho um blog, só que é sobre rock clássico e alternativo.
Se der para dar uma passada lá fico grato( se gostar coloca um link que vou fazer um link do teu no meu).
O endereço é:
www.katacultura.blogspot.com
Abração
Catatau

Anônimo disse...

Olá, Sara! Agradecemos as palavras elogiosas (eu e Januzelli). Um abraço.