domingo, junho 24, 2007

Diversidades no Fita!




A programação do Festival Internacional de Teatro de Animação de Florianópolis continua recheada de surpresas e bons espetáculos. Infelizmente não pude acompanhar os espetáculos da sexta-feira, assim que resolvi fazer um pequeno intensivo no sábado para recuperar o tempo perdido. Encontrei-me com três espetáculos bastante diversos entre eles, mostrando a riqueza e as apropriações possíveis que cabem sob o rótulo de Teatro de Animação.


Meu dia começou com o divertido espetáculo dirigido pelo grupo Cirquinho do Revirado, de Criciúma, SC. Este mesmo grupo esteve participando do Festival Isnard Azevedo com um espetáculo de rua. Em O Sonho de Natanael nos encontramos com uma estrutura de contação de histórias que se utiliza dos bonecos para ilustrar e apresentar os personagens para os espectadores. Uma boa relação com a platéia é a grande virtude do espetáculo, que se apóia numa estética mais folclórica. Uma vertente que aparece com bastante frequência nos espetáculos de rua e para crianças e, talvez por isso, causando uma certa sensação de deja-vú.


Na parte da tarde assisti ao espetáculo Manologias do Grupo La Santa Rodilla, radicado no Perú mas com um elenco formado por um italiano, um argentino e uma peruana. Dirigido por Hugo Soares (do grupo Teatro de Hugo e Inês, bastante famoso entre os bonequeiros) é o primeiro espetáculo deste novo grupo. Formado por quadros que não se preocupam em formar uma unidade, tem como elemento agrupador a técnica de utilização de diversas partes do corpo para compor os personagens. Assim, temos elementos extremamente simples e que exigem bastante virtuose dos atores/animadores, onde se sobressai o trabalho cômico de Renato Curci. Mesmo com um diretor bastante conceituado, o espetáculo sofre de uma certa inconstância: algumas cenas são bastante bem resolvidas, metafísicas em alguns momentos, em outras ainda impõe um maior desafio aos atores para ajustes de timing e limpeza na manipulação.


Se, em Manologias, o trabalho estava mais centrado na criação das imagens com o corpo dos manipuladores, em Em Camino, espetáculo solo de Sérgio Mercúrio, de Banfield na Argentina, o caminho de busca parece estar na construção das diferentes atmosferas e personagens bastante marcantes. Já havia ouvido falar do trabalho deste bonequeiro, mas ainda não havia tido a chance de vê-lo em cena. A simbiose com o personagem principal (Bob) é perfeita. Seu personagem respira, pensa e reage quase que sozinho. Temos a impresão até mesmo de que o boneco muda de expressões faciais, fruto da virtuose de seu manipulador. Uma variada gama de sensações nós envolve durante a apresentação, indo do lirismo aos palavrões em 05 segundos. As memórias de sua viagem pelas Américas é um fio tênue que abriga sob um mesmo guarda-chuva histórias tão distintas entre si.


De qualquer maneira são três trabalhos que servem para discussão entre os limites na classificação Teatro de Animação. Se é que esses limites existem.

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