terça-feira, junho 19, 2007

Lá. Onde?


" Passaram-se mais de 30 anos desde que Sérgio Jockymann escreveu o texto da comédia Lá, um sucesso de público na montagem interpretada por Paulo Goulart nos anos de 1970."

Assim começa a divulgação do espetáculo publicada no Diário Catarinense sobre o espetáculo em cartaz na Casa do Teatro do Grupo Armação até o final de junho. , monólogo de Gerson Prax, dirigido por Wlady Soares, com texto de Sérgio Jockymann. Nele, encontramos o Dr. Raul, preso em uma situação embaraçosa: trancado num banheiro, com o trinco na mão e sem ninguém para ajudá-lo a sair dali. Esta situação, claro, é um pretexto para que possamos ir conhecendo um pouco mais da personalidade e dos conflitos da vida desta personagem.

O ator e o dramaturgo, embora morem em Florianópolis, ainda não são muito conhecidos por aqui, talvez por serem esta suas primeiras encenações na cidade. O mesmo não se pode dizer de Wlady Soares, que nos últimos tempos também realizou Feitiço Andaluz, com atuação de Margarida Baird e Foi Bom Pra Você?, com textos de Luiz Fernando Verissimo.

30 anos passaram-se desde a escrita do texto. 30 longos anos. Naquele tempo ainda não havia celulares, laptops, wireless. Naquele tempo ainda se morria de medo de ser "trancado" em algum lugar por "alguém" que não se podia nomear. Vários textos daquele período constrõem situações semelhantes à este espetáculo. Naquele tempo.

A sensação que tive do espetáculo é que estava assistindo à um trabalho que havia parado no tempo. Teatrão!!! Como se costuma falar pejorativamente. Eu, honestamente, não vejo problema nenhum em se fazer um teatro à moda antiga, de maneira eficaz. Mas, neste trabalho, o que não parece fazer sentido é o conjunto colocado em cena. O figurino é correto, mas pobre de significado. Naturalista, quando o cenário segue por outro caminho. A iluminação não contribui para criar nenhuma linguagem: afinal de contas, qual o tamanho desta "privada"? Ou isso não importa? Qual o tamanho da prisão imposta àquela pessoa que vemos em cena? Porque, em alguns momentos a luz é tão branca que chega a ofuscar os olhos e em outros ganha tons de vermelhos? Isso deveria significar algo?

O trabalho de Gerson Prax é dedicado. Em sua terceira apresentação. Acredito que ainda irá ganhar muito em timing e aprofundar algumas relações com o público que já se insinuam , mas não terminam de serem realizadas. O texto, mesmo que não se proponha a um tour-de-force, tem momentos engraçados e que surpreendem a platéia. Um bom divertimento. A direção é que, no todo, carece de maior trabalho para fazer com que o espetáculo não fique lá, no século passado!

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