quinta-feira, junho 21, 2007

O Sonho e O Avarento!



Resultado do sonho e do esforço dos artistas, o FITA - Festival Internacional de Teatro de Animação abriu nesta quarta-feira para trazer 15 grupos de vários países, estados brasileiros e cidades de SC.

O espaço (Centro de Cultura e Eventos da UFSC) pode não ser o mais adequado, mas a emoção falou forte na primeira noite de espetáculos do Fita. No discurso da coordenadora geral e idealizadora Sassá Morretti e da coordenadora executiva Zélia Sabino, ficou claro que este acontecimento teatral era um sonho há muito acalentado pelos bonequeiros de nosso estado. Quebrar o vácuo que existia na capital, que não participava do circuito de festivais internacionais de animação realizados já há muitos anos em Canela e Curitiba, sem contar com outros estados do país. Após anos e anos de luta e sonho, finalmente foi concretizado o festival que abriu oficialmente nesta noite de quarta-feira, embora já tivessem acontecido outras apresentações desde as 12h30min. O público compareceu em peso, provando que, graças aos esforços dos muitos bonequeiros do estado, há lugar sim para a milenar arte dos títeres.

O espetáculo escolhido para realizar esta abertura foi O Avarento (El Avaro), trazida à cena pela Cia. Tábola Rassa da Espanha, que deu ao texto original de Molière uma versão pra lá de contemporânea. Ao invés da falta de dinheiro, temos a falta água, um tema bastante atual, diga-se de passagem. Ao invés de atores ou bonecos antropomorfos temos torneiras, canos e objetos - recipientes de todas as formas. Mas, as sensações, os sentimentos, os questionamentos presentes no original estão fortes e presentes, graças à qualidade dos atores/animadores Olivier Benoit e Miquel Gallardo.


Arpagão, o avarento do título, encarnado numa torneira enferrujada, consegue nos transmitir todo o seu mau-humor, trazendo uma carga de "anima" que o transforma numa daquelas figuras que nos lembraremos durante anos. A cena de amor, sintetizada num balé entre as vestes dos enamorados, com direito a um ventilador para criar um clima ainda mais sensual, diverte e encanta. O timing preciso, a utilização dos acontecimentos no ambiente do teatro (sempre tem alguém que "esquece" de desligar o celular) e o senso de humor bastante cáustico auxiliam ainda mais para manter a atenção dos espectadores.

A cena final, com Arpagão desistindo do casamento em troca de seus preciosos bens e, literalmente, jorrando água para todos os lados, transforman o palco numa festa molhada, sintetizando a felicidade que, creio eu, estão sentindo os bonequeiros de Florianópolis com a realização do festival.

Vida longa ao Fita! Que Florianópolis ganhe cada vez mais espaços de exibições e espetáculos durante o ano todo. O público e os artistas, com certeza, agradecem.

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