sábado, outubro 07, 2006

Está em cartaz, na Casa do Teatro Armação, o espetáculo "Jardim das Delícias", de Sulanger Bavaresco, pelos Grupos de Teatro Armação e O Dromedário Loquaz dentro do projeto Ato Contínuo na Casa do Teatro. O espetáculo (segundo o programa) é a soma dos esforços e talentos de ambos os grupos na encenação de um drama e uma comédia, permanecendo em cartaz até o final de novembro.

Em "Jardim das Delícias" (ainda não pude ver o outro trabalho) nós temos a história de uma família que, após ter ganho uma casa nas mesas de jogo, muda-se para o seu, não tão sólido, novo imóvel. Lá chegando começa a repetir inconscientemente alguns dos procedimentos dos antigos moradores. Falar um pouco mais da história pode estragar as surpresas de novos espectadores, embora a trama não escape de alguns clichês de filmes como "Os Outros" e "O Sexto Sentido".

Mesmo assim, a dramaturgia, a encenação e a cenografia são os grandes trunfos da montagem. Sulanger Bavaresco demonstra saber o caminho que está traçando neste três ítens e segue com um processo muito interessante que já se delineava desde "Agnus Dei" e se fortalecia em "Quinnipak - Mundos de Vidro". Sua utilização da fachada de fundo da Casa do Teatro e do Círculo Ítalo Brasileiro é primorosa e impressiona desde o primeiro momento, assim como a iluminação criada em conjunto com Irani Apolinário. A encenação cria belas imagens, que complementam as idéias originais do texto e nos proporcionam belos momentos.

Mas há ítens em que, infelizmente, boas intenções não são suficientes para segurar um espetáculo de aproximadamente 01 hora e 10 minutos. A trilha sonora de Ian Ferreira Alves(embora bonita, como música) não propõe dinâmica para o espetáculo; ao contrário, parece contribuir para dar ao mesmo um tom arrastado e pretensamente "profundo". A direção dos atores e o conjunto de atuações (Diana Adada Padilha, Egon Seidler, Máricia Krieger, Regina Prates e Sérgio Bellozupko)resulta frágil, apoiada sobre clichês de "dramaticidade" e forçada. Em alguns momentos nos soam um pouco melodramáticas, embora esta não pareça ser a intenção da direção. Cabe ressaltar o primeiro monólogo de Diana Adada Padilha (como Luiza) que, sem buscar nenhum artifício caricatural, emociona e conquista a platéia. Pena que o recurso de seus monólogos vão diluindo sua interpretação, desgastando uma imagem tão bem construída à priori. Na maioria do tempo os atores parecem estar flutuando em algum limbo "interpretativo", com pausas que resultam vazias e gestos e marcações que nascem de um desenho alheio à vontade das personagens. Talvez a preparação corporal possa ajudá-los a encontrar um tônus mais apropriado para a cena, quebrando com algumas tensões extremamente visíveis.

O público parece estar respondendo bem à montagem, comparecendo e se comportando adequadamente. Os ruídos que o espaço alternativo nos trouxeram (carros e uma música ao vivo insuportável que durou durante quase todo o período do espetáculo) acabam por nos ditanciar um pouco.

De qualquer forma, a montagem reflete uma vontade dos grupos de realizar um tabalho de qualidade, não se rendendo à comédia imbecilizante, nem aos clichês televisivos vigentes. Apoia-se sobre uma busca extremamente saudável da diretora, apoiada com muito boas intenções por todo o grupo! O que, por sí só, já é um mérito!

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa!!!!!!!!!

Espero que dure!