segunda-feira, outubro 30, 2006

Insensatez ou Pretensão?



Assisti ao espetáculo "Insensatez" da Esfera Produções Artísticas, neste final de semana no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC). Como não conhecia o grupo, antes de ir ao teatro dei uma pesqui-
sada na web para ver se achava alguma informação. Todo o material que achei foi o de divulgação desta temporada, o que me levou a supor que o grupo deve estar iniciando suas atividades. Neste sentido considerei um bom desafio trabalhar com um clássico, visto que a consistência de um texto que resistiu a tantos anos pode dar uma boa direção para uma pesquisa mais aprofundada sobre um determinado tema.

De qualquer maneira, minha busca não se mostrou muito produtiva. O que encontrei na apresentação não necessitaria de conhecimentos específicos para auxiliar na minha possivel observação.

Por exemplo, não tenho como realizar um comentário preciso sobre o texto (do também diretor Carlos Marroco, que segundo o grupo, é inspirado na obra de Eurípedes e recebe o sub-título de "O Julgamento de Medéia") pois em todo o primeiro momento do espetáculo (após o longo vídeo inicial) não consigo entender nada além de palavras soltas aqui e alí, devido à maneira como os atores trabalham com as palavras. No restante do espetáculo fica bastante claro quando o autor "cita" textos clássicos e quando insere palavras suas, ou ainda, a improvisação dos atores, principalmente no vídeo. É gritante a diferença da qualidade textual. Os argumentos, no segundo caso, resultam repetitivos e simplistas.

O elenco (Mariane Feil, João Gesser e José Guntin Rodriguez) parece empenhado em tentar realizar as proposições cênicas que foram formuladas, mas suas possibilidades, pelo menos aparentemente, não são suficientemente capazes para a tarefa e também para que consiga relacionar-se com o público. O espetáculo fica isolado, dentro da caixa cênica, enquanto o público, que deveria estar experimentando algum tipo de catarse (afinal estamos falando de uma tragédia) experimenta extremos entre a falta de interesse e, em alguns momentos, o riso. Fica evidente o melhor preparo de Mariane Feil, mas mesmo assim, talvez pelos definições do diretor, ela não consegue escapar das ciladas de se representar um "mito" e nem de fugir dos estereótipos comuns de mulher sofredora e "louca". De qualquer forma, há um grave problema de emissão verbal em todo o elenco.

Como ponto positivo fica uma boa utilização da cenografia (de Reno Caramori) que só através da organização dos recursos de pernas e coxias do teatro cria um espaço intrigante, completamentada de maneira harmoniosa pela iluminação e alguns bons momentos da sonoplastia (ambos de Carlos Marroco).

O trabalho do vídeo também incita algumas críticas bastante duras, mas vou deixar para alguém que tenha mais conhecimento sobre a área faça observações ao grupo. De qualque forma a duração dos mesmos, dentro da encenação, está extremamente alongado.

Será que, no caso desta montagem, não houve um pouco de pretensão do grupo? Talvez se o grupo partisse de um texto mais consistente (ou seja, o clássico original), não teria tido possibilidade de conseguir um resultado mais sólido. Se tivesse se debruçado sobre uma pesquisa mais apurada sobre interpretação e a poética dessa obra não teria evitado alguns equívocos presentes neste espetáculo? Sobre que definições está sendo contruido os "estudos sobre Teatro Contemporâneo" que o grupo cita no programa? Fazer algo mais simples de uma maneira mais consistente não seria mais interessante do que apenas fazer "diferente"?

Espero que o grupo possa tomar essas considerações como algo para pensar e ajudar na forma do seu resultado neste momento. E que toda a confusão no palco não tenha passado de insensatez!

3 comentários:

Anônimo disse...

Quem é você? O que entende de Teatro? O que faz? Estou aberto e disposto a discussão. Mas preciso saber quem é você primeiro. Aguardo. Marroco.

Sara Kane disse...

Eu sou essa que escreve este Blog!
O que entendo de Teatro está refletido aqui.
Se te interessar, ótimo... senão, paciência!

Anônimo disse...

bom,por este mero textículo não entendes nada.
postado por,uma pessoa que faz parte do público que gosta de
boas peças teatrais.