domingo, outubro 22, 2006

Lili e o sonho da poesia!


Seguindo no caminho da poesia, esteve em cartaz no Teatro do SESC Prainha, em apenas três apresentações, o espetáculo Lili reinventa Quintana, da recém chegada à Florianópolis, Téspis Cia. de Teatro. Aqui, o grupo assume como "espetáculo teatral" o trabalho criado a partir de poemas de Mario Quintana, montagem esta realizada em homenagem ao centenário de nascimento do mesmo. A companhia, mesmo estando há 01 ano na cidade, já tem um trabalho acumulado anteriormente na cidade de Itajaí, tendo viajado por vários estados do país e também no exterior.

O espetáculo não tem uma história propriamente dita. Tudo gira em torno de um clima onírico, onde vão aparecendo distintos poemas, objetos, pequenos bonecos, roupas, etc. Um apresentador (Max Reinert, também diretor do espetáculo) nos recebe na porta do teatro, nos entrega programas e indica o início do espetáculo dizendo que "a vida também precisa ser sonhada". Com isso, abre uma cortina que separa o palco da platéia e encontramos uma menina dormindo (a atriz Denise da Luz) sobre uma grande caixa laranja e um céu muito azul! A partir daí vários jogos vão ser realizados, sempre acompanhados de textos de Mario.

Todo o tratamento visual é muito bem realizado, com um acabamento muito profissional. O cenário (de Agê Pinheiro e Max Reinert) é bastante aconchegante e bonito, nos remetendo às gavetas de Salvador Dali, numa referência direta ao onírico, referência esta sublinhada pela belísima trilha sonora original (composta por Alessandro Kramer e Guinha Ramirez, bastante conhecidos no meio músical da cidade). Os figurinos (de Denise da Luz) também são muito bonitos e bem cuidados, ou seja tudo de acordo com a proposta inicial do grupo. O único senão é uma pequena caixa utilizada no início do espetáculo (um pouco bruta e poderia ser melhor trabalhada), assim como, talvez, a iluminação do espetáculo, que poderia explorar climas diferentes.

O trabalho da atriz Denise da Luz é bastante sutil, aliás como todo o espetáculo. Está apoiado sobre a palavra do Mario e parece não haver tido muita preocupação com a "construção" de um personagem "infantil". Percebe-se sua relação com a platéia o tempo todo, criando climas e situações que dão sustentação à sequência de poemas. Digo sequência de poemas porque em alguns momentos o espetáculo me pareceu mais uma performance (não é uma crítica negativa ao trabalho!), um jogo de armar, uma sequência de brincadeiras infantis. E nesse sentido a gente pode perceber a atriz ali, entretida com a brincadeira, com as sensações que os poemas trazem à ela e pra gente, na platéia.

Eu gostaria de poder ver este espetáculo com crianças na platéia, pois na sessão em que eu estava só havia um menino. E, pude perceber, as reações dele apareciam em momentos bastante distintos que as nossas, adultos! Aliás, este o grande senão da sessão de sábado. Uma grande pena que tão pouco público tenha comparecido à um espetáculo tão doce, singelo, sutil e que tem muito respeito pela criança. Bem diferente de certas produções que costumam lotar o CIC e o TAC com suas ínfimas preocupações sobre o teor de sua montagens.



Um longo e tranquilo sono à Mario Quintana!!! Que seus poemas continuem nos embalando na correria do dia-a-dia e no cinza de nossas grandes cidades.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Sara ... obrigado por suas palavras sobre nosso espetáculo. O "Lili" ainda está começando a caminhar... concordo com vc que existem ainda pontos a serem melhorados... vamos no caminho... mais a frente naum sabemos o que há!
Abraço

O Destro & O Canhoto disse...

Assisti LILI pela segunda vez no último final de semana. Pude perceber o crescimento do trabalho desde a estréia. Parabéns, Max e Denise, pelo carinho com que trataram a poesia de Mario Quintana e, também, pela dedicação que colocam em todos os seus trabalhos, que sempre procuro acompanhar. LILI emociona. Espero que mais pessoas, adultos e crianças, possam sentir o que eu senti.
E, SARA, parabéns pela iniciativa do blog!!
Abraços
Thiago Toscani