domingo, outubro 22, 2006

Na Folia da Arte Contemporânea...



......O SESC Santa Catarina têm se mostrado um incansável na batalha pela cultura! Todas as suas ações fogem (ou pelo menos tentam fugir) do óbvio no fomento à formação de platéia e da ampliação do vocabulário dos artistas e público em geral. Nos dias 17, 18 e 19 deste mês foi a vez do Folia das Falas - Encontro de Poetas e Poesia. Várias ações ocorreram nestes três dias dedicados às palavras: Oficinas, Palestras, Lançamentos de Livros e (aqui entro eu, com minhas opiniões) Apresentações de Performances.

Território movediço esse da arte "contemporânea"!!!

Território movediço esse da "performance"!!!

Não pretendo aqui entrar na discussão sobre os conceitos e as diferenças entre "Teatro" e "Performance"; "Multimídia" e "Intermídia"; "mediação" e "novos suportes para a cena" (até porque não tenho conhecimento suficiente, meu humilde conhecimento acadêmico na área termina em Renato Cohen, ícone bastante óbvio deste linha de trabalho!). Mas ( e sempre há um pequeno "mas"), até que ponto as experiências mostradas dentro das performances presentes no Folia das Falas nos levantam questões sobre a arte contemporânea?



Em Radical Volátil de Dennis Radünz, Música Legal com Letra Bacana de Os Poets e Um Ano Entre Humanos de Ricardo Aleixo vemos três maneiras extremamente distintas de se aproximar do trabalho performático e até mesmo da palavra poética na cena. Além da busca por trabalhar a palavra além de sua possível significação, tentando dar valor às sonoridades produzidas pelo ato de falar poesia, os três momentos nos dão diferentes respostas à maneira da construção cênica. Enquanto Radünz busca construir uma cena (limpa e bela) quase teatral, parece que Os Poets e Aleixo não se importam muito com o que vai ser "visto" pelo público. Dennis contrasta bastante com Aleixo no sentido de ter algo "constuído" para ser mostrado ao público, enquanto este parece deixar surgir sonoridades quase que ao acaso, numa espécie de happening, tendo ele próprio citado John Cage.

Mas, é interessante perceber, que o melhor momento da performance de Aleixo é quando ele simplesmente deixa de lado as "experimentações" (que, com o perdão da palavra, acabam construindo um aglomerado de ações sem sentido!) e investe na força de seus poemas e em sua forte presença cênica. A passagem em que ele questiona "o que é humano" faz com que a platéia rapidamente reflita sobre sua realidade. Os Poets realizam um trabalho interessante, mas que não apresenta muita novidade sobre o quem sido visto ultimamente. Radünz se debruça sobre sua palavra. O trabalho com vídeo ainda não aponta qual a direção que deseja seguir, não acrescentando nada à performance. Parece não passar de uma reiteração da imagem do poeta em cena. O mesmo acontece com a gestualidade construída. Que signos são esses utilizados na construção da cena?

Talvez esta última pergunta nos remeta novamente sobre as questões levantadas anteriormente sobre a arte contemporânea: que querem dizer às pessoas deste tempo os nossos poetas? Que tipo de estruturas "experimentais" ou não estabelecem diálogo com o público, ou até mesmo, com os estudantes que participaram desta folia? Talvez, como nos dizia Grotowsky, esteja faltando um diretor "expectador" de profissão para tentar ajudar na conversa com essa platéia.

E afinal: A Madonna é humana?

Um comentário:

Sara Kane disse...

Comentário de Dennis Radunz escrito nos scraps do Orkut:

Sendo ou não Sara Kane (quem és?), achei muito precisos os comentários sobre Aleixo, PoETS e o meu Radical Volátil). Fui um "devoto" de Grotowski e acho que me falta um pouco da sua 'via negativa'. O vídeo é "teatro rico', o gestual "idem". Mas, experimento(-me). Abraço finalmente dennisíaco.