
segunda-feira, abril 16, 2007
OTIMISMO!

domingo, abril 15, 2007
Acabou!

sábado, abril 14, 2007
Vem chegando o Final...


Encerrando a Mostra Paralela tivemos Nem Mesmo a Chuva Tem as Mãos Tão Pequenas, com o grupo de Florianópolis Persona Cia de Teatro.

Na Mostra Oficial fizemos uma viajem ao universo caipira com o espetáculo Flor do Beco com o grupo Teatro do Inconsciente, de Brasília, DF.
E, minha noite teria acabado aí, como normalmente acontece, se eu não tivesse esticado até ao CEART /UDESC para assistir ao Projeto 3X1. São três espetáculos curtos criados por alunos de artes cênicas e unidos num programa de uma hora. Os trabalhos revelam-se ainda muito embrionários, mas é possível perceber que quando os alunos tem um texto mais consistente (no caso: Palavras, palavras, palavras de David Ives) tem mais chance de dar uma forma que já poderia começar a ser mostrada ao público.
sexta-feira, abril 13, 2007
Circo, Palhaços e Um Sopro de Contemporâneidade!

E assim, ávidos por algo distinto chegamos à apresentação na mostra oficial de Sobre Anjos e Grilos - O Universo de Mario Quintana, espetáculo multimídia vindo de Porto Alegre, RS com a Companhia de Solos & Bem Acompanhados.
E, na minha opinião, temos enfim um pequeno sopro de contemporâneidade no Isnard Azevedo deste ano. Aspecto este que advem muito menos da utilização das projeções, imagens e mais pelo caráter de experimentalidade do projeto. A busca de uma abordagem mais próxima do performático da atriz Deborah Finocchiaro, que em alguns momentos lembra Denise Stoklos em cena, não pela forma, mas sim pela postura criadora. Talvez pudéssemos questionar se a direção de Jessé Oliveira e Deborah Finocchiaro não se torna um pouco inventiva e excessiva demais, suplantando o poeta. Mas, ao meu ver, a poesia e a postura libertária, quase anarquista, de Mario Quintana dão essa permissão. A essência do poeta está ali, sem o ranço da declamação que, com certeza, deixaria o espetáculo enfadonho. Outro ponto a ser destacado é a beleza das imagens produzidas por Zoravia Bettiol. Verdadeiros achados pela beleza do traço e pela capacidade de síntese de vários elementos encontrados na obra do poeta. Alguns poemas, mesmo que não estejam sendo ditos na cena, aparecem, quase que arrancados de nosso inconsciente, por estas belíssimas imagens.
Talvez, se o festival estivesse oferecendo uma maior diversidade de linguagens, este espetáculo não teria esse caráter tão distinto. No Isnard Azevedo deste ano, pareceu um copo de água no meio do deserto.
quinta-feira, abril 12, 2007
Mãos à Obra! Muitos espetáculos para ver!



Na Mostra Paralela chego ao meu quarto espetáculo do dia: Santa, do grupo Formas Humanas Animadas, daqui de Florianópolis. Uma criação de Gilbas Piva (texto, direção, cenografia, iluminação e figurino) com atuação de Milena Moraes, que também nasceu como um trabalho para a universidade e ganhou corpo de espetáculo, independente de sua origem. O espetáculo tem um bom acabamento e produção. Sua dramaturgia é bem realizada, clara (sem ser óbvia) e propondo mergulhos numa cena não necessariamente realista. A história contada é de uma mulher de trinta anos metódica, infeliz e virgem até o dia que recebe uma visita inesperada que a faz mudar sua visão do mundo. De uma mulher fria e insensível à um poço de amor e tesão, mudança essa claramente marcada pela iluminação do espetáculo. Como um grande senão no espetáculo está a direção da atriz. Acredito que, por ser um trabalho que está iniciando, diretor e atriz ainda não conseguiram fazer com que seu potencial apareça no todo. Neste momento o trabalho de atuação ainda se mostra um pouco esquemático e formal, com alguns vícios já vistos em outros trabalhos seus. Uma busca de aprofundamento se faz necessária para que o texto possa aparecer com toda a sua potência no palco.

E, por fim, chegamos ao CIC para mais uma apresentação da mostra oficial. In Conserto do Grupo Teatro de Anônimo, do Rio de Janeiro. Devo confessar que fui assistir ao espetáculo com uma certa expectativa. Creio que eu não fui a única, afinal o grupo é reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Eu já havia visto, há muito tempo atrás, os espetáculos Roda Saia Gira Vida, O Pregoeiro e gostei muito do que ví. Pode, desta forma, parecer injusto da minha parte, ficar comparando trabalhos do próprio grupo, mas é inevitável. Nos trabalhos anteriores o grupo (principalmente no solo de Márcio Libar), na minha opinião, conseguia evitar o mero "manter a tradição circense". Conseguia unir várias gags clássicas e resignificá-las a favor de um novo trabalho que respirava contemporâneidade. Assim, cenas que já estamos cansados de ver se tornam vivas novamente, voltam a fazer sentido a cada noite ou apresentação. No caso do espetáculo de ontem, ficamos com a sensação de ter visto um pouco de "mais do mesmo". O elenco (João Carlos Artigos, Márcio Libar e Shirley Britto) tem qualidade? Óbvio que sim. Então, onde está o problema? Acredito que o maior problema do espetáculo está na sua direção, ou na falta dela. Os números criados por Nani Colombaioni e Ricardo Pucetti são ótimos tijolos como matéria-prima , mas falta argamassa para uní-los e construir um espetáculo.
quarta-feira, abril 11, 2007
Um Dia Dífícil no Isnard Azevedo!


Nosso desafio seguinte foi Caio Transbordado, espetáculo dos grupos Anônimo Ato e Teatro em Trâmite daqui de Florianópolis. Tendo nascido de uma pesquisa pessoal e acadêmica do ator Rodrigo Mendes sobre interpretação, resultou no trabalho de conclusão de curso intitulado Caio Transbordado: Reflexões sobre o Corpo do Ator como Construção de Dramaturgia. O espetáculo, dirigido por André Francisco, começa de maneira bastante impactante. É impossível não se impressionar com o ator, a música (de Neno Miranda) e o ambiente proposto (de André Francisco, Marcus Maglia e Paula Kovalski, que, quase que imediatamente, nos remete à um manicônio). Mas, após quinze minutos da apresentação, já estamos tentando, em vão, encontrar chaves para que possamos dialogar com o espetáculo. Dessa forma, uma linearidade vai se estabelecendo e acabamos por desistir de tentar compreender o que, realmente, acontece na cena. O rótulo "experimental" parece preconceituosamente pesar como uma maldição sobre o trabalho, virando homônimo de hermético e cansativo.

E pensando em hermetismo chegamos ao espetáculo A Casa do grupo E(x)periência Subterrânea, também da cidade de Florianópolis e também dirigido por André Carreira. Já havia visto o espetáculo no pequeno teatro do SESC Prainha, no final do ano passado (para saber sobre a história leia o comentário anterior em http://momento-critico.blogspot.com/2006/11/invadindo-casa.html) e fui assistir ao espetáculo para ver sua evolução, além de conferir como ele se comportaria em um teatro tão grande quanto o do CIC. Plasticamente o espetáculo ganha maior impacto num espaço tão grande, já não se pode dizer o mesmo no sentido da atuação: a atuação de Paulo Vasilescu, que parecia tão vigorosa no teatro do SESC, aqui aparece numa medida exata; já Heloise Baurich Vidor encontra maiores dificuldades, principalmente na projeção vocal. O hermetismo, continuou. Fui pra casa dormir, exausta!
terça-feira, abril 10, 2007
Começa a Maratona e, até que enfim, um pouco de humor instigante.


Abrindo a Mostra Paralela o Grupo Teatral Acontecendo Por Aí de Itajaí, SC coloca em cena um ótimo texto de José Antônio de Souza chamado Crimes Delicados. Uma comédia inteligentíssima, com pitadas de teatro do absurdo, onde um casal de classe média alta está as voltas com a tentativa de realizar um assassinato. Contar mais da história seria estragar algumas surpresas, mas a inversão de valores contida no texto nos faz refletir sobre a sociedade em que vivemos, ao mesmo tempo que nos divertimos com o humor negro apresentado.
E, por falar em aparente banalidade, chegamos ao terceiro espetáculo de nossa maratona: A Sobrancelha É o Bigode do Olho – Uma Conferência do Barão de Itararé, espetáculo solo de Marcio Vito, dirigido por Nelson Xavier e produzido pela KL Produções e Promoções Artísticas, da cidade do Rio de Janeiro.
Numa situação aparentemente não-teatral, o Barão de Itararé nos presenteia com uma conferência sobre o otimismo, passando por outras inúmeras divagações, assuntos diversos e momentos extremamente filosóficos, tudo isso permeado por um humor ácido e crítico, algo bastante desejado quando se assiste à uma comédia. Conduzido de maneira seguríssima, o espetáculo faz com que o público aceite um outro ritmo muito distinto do qual estamos acostumados a vivenciar neste século. Cria uma suspensão no tempo. Raramente 60 minutos passam tão rapidamente dentro de um teatro. O espetáculo, ao mesmo tempo que entretém, questiona. E não seria a função do Teatro?
segunda-feira, abril 09, 2007
No limite do Bom Gosto!

O Festival de Teatro de Florianópolis segue em seu segundo dia de programação. Neste domingo contou com uma palestra ministrada pelo diretor paulista Francisco Medeiros sobre o Teatro Grupo e o Trabalho Colaborativo no Teatro e com o espetáculo Pequenas Caquinhas do Grupo Antropofocus de Curitiba, PR.
Pequenas Caquinhas é um espetáculo que busca oferecer ao público uma comédia que não se renda ao humor fácil. São pequenas cenas (as tais caquinhas do título) sem nenhuma linha lógica que as una, ou seja, sem nenhuma pretensão de contar uma história e nem mesmo de gerar algum tipo de questionamento crítico. O que temos aqui é um tipo de humor que usa a inteligência dos espectadores para terminar de construir as imagens e as gags, que quase sempre utilizam-se de elementos inusitados ou do nonsense. E o espetáculo vai empurrando o limite desse humor sempre o máximo possível, não desiste enquanto não nos faz pensar "eu não acredito que eles fizeram isso!".
Fica claríssimo que o elenco (Anne Chelli, Danilo Correia, Jairo Bankhardt, Marcelo Rodrigues, Vitor Hugo) e o diretor (Andrei Moscheto, que também atua) sabem manipular todas as técnicas do humor com maestria. Sabe encontrar os tempos das piadas, as pausas, construir as gags e se valer de suas influências (os britânicos do Mounty Python, os argentinos, praticamente desconhecidos no Brasil, dos Les Luthiers, o desenho animado South Park, entre outros) para construir um verdadeiro caldeirão que beira o grotesco e em alguns momentos o mau gosto (sem, no entanto, cair nele!).
Pode-se dizer assim que o espetáculo, sem sombra de dúvida, cumpre seu papel. O que se pode, talvez, questionar é se o papel de puro entretenimento justifica o ritual de ir até o teatro. O público, aplaudindo apaixonadamente de pé, parece dizer que sim. Então, vamos embora comer uma pizza!
* As fotos foram retiradas do site do grupo: www.antropofocus.com.br
domingo, abril 08, 2007
Abertura com Casa Cheia!

Para marcar a retomada do festival convidou-se um dos grandes ícones do Teatro Brasileiro para realizar o primeiro espetáculo desta Edição. Denise Stoklos, criadora do Teatro Essencial, apresenta Calendário da Pedra, trabalho solo escrito e dirigido por ela (característica bastante marcante em sua produção).

* Fotos retiradas do site www.denisestoklos.com.br , de autoria de Thais Stoklos.
sexta-feira, abril 06, 2007
Tudo ao Mesmo Tempo Agora!

Não sou uma especialista em dança contemporânea. É bom podermos partir deste princípio. Mas, tive algum tipo de formação na área, o que faz com que, pelo menos, tente perceber em alguns espetáculos seus princípios. Quando o espetáculo tem uma ligação maior com o teatro ou a dança-teatro, ou ainda quando tem uma dramaturgia mesmo que fragmentada, auxilia minha percepção. Quando isso não é aparente, confesso que tenho mais dificuldade em me conectar com ele.
Fui assistir Movimento para 6 no CEART, nesta semana. Um espetáculo de dança contemporânea com concepção e direção de Zilá Muniz em colaboração com seis criadores-intérpretes (Elisa Schmidt, Egon Seidler, Letícia Martins, Paula Bittencourt, Karina Degregório e Vicente Mahfuz). Desde o início do espetáculo se percebe a garra e a dedicação do elenco, assim como percebe-se também a clareza com que a diretora organiza o material recolhido nas improvisações dos intérpretes. Não é um trabalho simples o que o grupo propõe, mas existe empenho para realizá-lo.
Segundo o release do grupo, o espetáculo tem uma dramaturgia que se desenvolve a partir de "cenas que se desenrolam como um passeio através de paisagens construídas por estados corporais, traduzindo imagens corpóreas que traçam pontualmente momentos precisos de vida que se entrelaçam, recombinando a heterogeneidade, num fluxo contínuo de impulsos, correntes e contatos."
Confesso que tive um pouco de dificuldade para perceber as diferenças entre essas imagens corpóreas nos interpretes. Consigo perceber onde, teóricamente, estão as mudanças das cenas, pois estas estão bem sinalizadas principalmente pela sonoplastia e em alguns momentos pela iluminação. O espetáculo explora, principalmente no início e em alguns momentos de maneira bastante vigorosa, um jogo de tonalidades na iluminação (de Camila Ribeiro), criando distintos climas e nos levando a realizar leituras bastante subjetivas. Partimos de um vermelho intenso, passando por tonalidades de azul, verde e até a projeção em sombra das folhas de uma árvore. Um dos momentos plásticos mais bonitos do espetáculo. Quanto mais se aproxima do final, a iluminação começa a dar sinais de que algo não está totalmente claro na dramaturgia.
Um outro ponto que merece ser observado é que, mesmo com a garra dos intérpretes, é visível a juventude técnica do elenco. Essa falta fica ainda mais clara quando eles adentram o terreno coreográfico propriamente dito, ou seja, quando tem uma tarefa com o que estamos acostumados a chamar de dança. Por mais que se tenha respeitado as individualidades e a heterogeneidade do elenco, sente-se uma falta de apuro nos tempos e nas finalizações dos movimentos.
No conjunto fiquei com a sensação de que se estabele uma certa linearidade, tanto na energia dos intérpretes quando no discurso do espetáculo. Depois dos primeiros 20 minutos, tem-se a sensação de que veremos mais do mesmo. Em alguns momentos uma grande catárse do elenco, um tudo ao mesmo tempo agora que não me dá chaves para adentrar e participar do prazeroso jogo dos intérpretes.