quarta-feira, abril 11, 2007

Um Dia Dífícil no Isnard Azevedo!


Nesta terça-feira tivemos um dia difícil no Isnard Azevedo. Se nos dias anteriores a pauta estava tendendo mais para o humor, ontem, o festival optou pelo drama nas mostras paralela e oficial e pelo lirismo na mostra de rua. Mas, que fique claro, não foi o gênero dos espetáculos a dificuldade, mas sim a execução dos mesmos.


Como sempre, primeiramente assisti à mostra de rua. Das Saborosas Aventuras de Dom Quixote de La Mancha e seu Fiel Escudeiro Sancho Pança – Uma História que Poderia Ter Sido foi o espetáculo trazido pelos goianos do grupo Teatro que Roda. Como o nome mesmo indica, o espetáculo propõe uma releitura do personagem criado pelo espanhol Miguel de Cervantes. Sancho Pança é um catador de papéis, Rocinante é o carrinho deste catador e um executivo meio em surto assume o papel do valente cavaleiro, lutando contra máquinas escavadeiras e bad boys. E, talvez a leitura seja até interessante, se tivessemos podido assistí-la. Não consigo dizer se faltou condução do diretor André Carreira ou se o elenco (Liz Eliodaraz, Dionísio Bombinha, Hugo Mor, Patrick Éster, Bimbo, Fernando Moterane, Ieda Marçal) não estava preparado para a empreitada em que se meteram. Da maneira como vimos este espetáculo neste festival não foi possível recolher mais do que fragmentos e idéias, que a primeira vista parecem interessantes, mas não terminam de se consolidar como espetáculo. O público, na maioria das vezes também parece desorientado. Como exemplo disso, ninguém se deu conta quando o espetáculo acabou! E a pergunta mais frequente era: Quem são essas loucas de branco que ficam correndo? Se conseguíssem ouvir o texto do Quixote, pelo menos saberíam que o nome das loucas era Dulcinéia, ou pelo menos, uma representação dela.


Nosso desafio seguinte foi Caio Transbordado, espetáculo dos grupos Anônimo Ato e Teatro em Trâmite daqui de Florianópolis. Tendo nascido de uma pesquisa pessoal e acadêmica do ator Rodrigo Mendes sobre interpretação, resultou no trabalho de conclusão de curso intitulado Caio Transbordado: Reflexões sobre o Corpo do Ator como Construção de Dramaturgia. O espetáculo, dirigido por André Francisco, começa de maneira bastante impactante. É impossível não se impressionar com o ator, a música (de Neno Miranda) e o ambiente proposto (de André Francisco, Marcus Maglia e Paula Kovalski, que, quase que imediatamente, nos remete à um manicônio). Mas, após quinze minutos da apresentação, já estamos tentando, em vão, encontrar chaves para que possamos dialogar com o espetáculo. Dessa forma, uma linearidade vai se estabelecendo e acabamos por desistir de tentar compreender o que, realmente, acontece na cena. O rótulo "experimental" parece preconceituosamente pesar como uma maldição sobre o trabalho, virando homônimo de hermético e cansativo.


E pensando em hermetismo chegamos ao espetáculo A Casa do grupo E(x)periência Subterrânea, também da cidade de Florianópolis e também dirigido por André Carreira. Já havia visto o espetáculo no pequeno teatro do SESC Prainha, no final do ano passado (para saber sobre a história leia o comentário anterior em http://momento-critico.blogspot.com/2006/11/invadindo-casa.html) e fui assistir ao espetáculo para ver sua evolução, além de conferir como ele se comportaria em um teatro tão grande quanto o do CIC. Plasticamente o espetáculo ganha maior impacto num espaço tão grande, já não se pode dizer o mesmo no sentido da atuação: a atuação de Paulo Vasilescu, que parecia tão vigorosa no teatro do SESC, aqui aparece numa medida exata; já Heloise Baurich Vidor encontra maiores dificuldades, principalmente na projeção vocal. O hermetismo, continuou. Fui pra casa dormir, exausta!

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